Risco inflamatório dietético para indivíduos em uso crônico de dietas enterais industrializadas: uma análise de produtos disponíveis no mercado brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.12873/433costaPalabras clave:
Nutrição enteral, Alimentos formulados;, Inflamação, Morbidade, Pacientes domiciliaresResumen
Introdução: A nutrição enteral é comum em pacientes domiciliares, com trato gastrointestinal operante, porém, com doenças neurodegenerativas ou cerebrovasculares que impedem a ingestão alimentar adequada exclusivamente por via oral. Para este público, o mercado nacional disponibiliza uma gama de formulações nutricionalmente completas, cujo processo de desenvolvimento não prioriza seu possível impacto inflamatório no longo prazo, que pode contribuir para maior morbimortalidade.
Objetivo: Avaliar o potencial inflamatório de dietas enterais industrializadas disponíveis nacionalmente e identificar com qual intensidade estes produtos podem contribuir com a gênese de doenças crônicas não transmissíveis em indivíduos sob suporte nutricional enteral crônico.
Material e métodos: É uma pesquisa quantitativa, documental e descritiva, que analisou o potencial inflamatório de fórmulas industrializadas líquidas e em pó, indicadas para indivíduos em uso de nutrição enteral. O índice inflamatório dietético (IID) foi estimado a partir do protocolo de Shivappa et al. (2014). O software SPSS, 20.0, foi utilizado para comparar o IID de fórmulas padrão e especializadas e identificar o impacto dos nutrientes sobre o potencial inflamatório ou anti-inflamatório das formulações.
Resultados: Foram encontradas 89 fórmulas, sendo 55 padrão e 34 especializadas. A média de IID foi -3,59±0,95, sendo -3,62±0,84 para as padrão e -3,54±1,12 para as especializadas. Observou-se relação inversa entre as médias de IID e os teores de gordura monoinsaturada e ômega 6, bem como relação direta com colesterol e gordura saturada.
Conclusão: As fórmulas enterais do mercado brasileiro são anti-inflamatórias. Portanto, seu uso crônico não parece, isoladamente, contribuir com a inflamação crônica sistêmica de baixa intensidade.
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